A 3ª temporada de Sherlock: pensamentos, expectativas e mudanças
Quando vejo alguém reclamando que o seu seriado favorito vai passar uma semana sem exibição por causa de um feriado americano, ou porque vai demorar alguns meses para voltarem com a temporada, eu preciso respirar fundo para não esfregar Sherlock no nariz desses seriadores mal acostumados.
Não foram só os sofridos dois anos de espera que me deixaram
tão ansiosa para essa temporada (a ponto das minhas expectativas ficarem altas
demais, devo dizer). Teve o cliffhanger absurdo em que nos deixaram, e o fato
da série ser definitivamente a favorita da minha vida – eu sinceramente chorei
de alegria nessa season première. E não fui a única... os fãs de Sherlock
parecem ser mesmo meio obsessivos.
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bem assim mesmo |
O que eu mais gostei nessa temporada foi a afirmação do foco
principal da série: os personagens. Tínhamos visto isso na anterior, que já
tinha começado a focar mais no desenvolvimento emocional de Sherlock do que nos
casos a serem resolvidos, ao contrário do que acontecia na 1ª temporada – por
favor, A Scandal in Belgravia nem foi
um episódio policial! E é importante apontar que uma das maiores reclamações
que eu vejo por aí é que os “segundos episódios” (The Blind Banker e The Hounds
of Baskerville) são os mais chatinhos, justamente por terem foco total nos
crimes.
Agora, a série definitivamente passou a agir ao contrário
todos os programas de investigação – a história dos personagens é o elemento
mais importante, e os casos são utilizados justamente para desenvolvê-la.
Sherlock não é um seriado de detetive, é um seriado sobre um detetive, e eu acho isso brilhante!
Basicamente, eu amei a 3ª temporada, mas, como eu já disse,
as expectativas atrapalharam um pouco o meu aproveitamento, e isso foi porque
me envolvi com fandoms e as divulgações; ver os comentários do pessoal que
tiveram a oportunidade de ir às pré-estréias, ver os teasers exagerados da BBC me fizeram esperar DEMAIS dos episódios. Não só isso, eu
acabei me empolgando, muitas vezes até, por supor que alguma coisa iria
acontecer, e depois acabava frustrada por não o que eu queria – sendo que nada
tinha sido confirmado, apenas fizeram pensar que seria verdade...
A única coisa que eu de fato acho justo culpar o pessoal da
produção e não as expectativas é em relação à queda. Pelo menos quem lê as
entrevistas dos criadores e etc. sabem que eles disseram TODA HORA que ‘tinha
um detalhe que todo mundo deixou passar’, e que o público iria ficar se
sentindo burro quando percebesse como ele tinha sobrevivido - para no final
eles não confirmarem a resolução! Sim, o mais provável é que tenha sido mesmo a última teoria apresentada embora a segunda seja a minha favorita mas para mim ainda é tudo meio nebuloso... o fato dele ter explicado para o Anderson e não para o John foi é o que mais me deixa na dúvida.
É uma jogada interessante não mostrar como ele fez para não
morrer – como o próprio Sherlock disse, “Everyone’s a critic”, e muita gente
ficaria mesmo decepcionada com a resolução por estar esperando por muito tempo
algo surrealmente genial. Mas então que não alimentasse os fãs com expectativas
de algo que eles sabiam que não iriam mostrar. De qualquer jeito, a ideia de
mostrar em tela as teorias foi incrível – quem for assistir ao programa agora,
não vai se sentir tão decepcionado por não ter a resposta. E ainda não superei
a segunda versão...
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eu literalmente solucei de tanto rir, nunca imaginei...!! |
Outra sacada muito boa (apesar de previsível, considerando a
personalidade do personagem) foi a reação do John ao retorno de Sherlock. No livro – e em praticamente todas as outras
adaptações – Watson literalmente desmaia de alegria ao ver o amigo vivo,
comemora e fica por aí mesmo. Sério, se a pessoa mais importante do mundo para
você fizesse isso, você iria ficar feliz, lógico, mas como não ficar furioso?
Não só pela pessoa não ter considerado o seu sofrimento, mas também por nem
pensar em confiar o segredo para você – que seria, supostamente, sempre a
primeira a saber dessas coisas.
A
partir daí, algo tinha que mudar: mesmo que o John continue sendo melhor amigo
de Sherlock, ele passou a se distanciar – o suficiente para nós vermos, na
season finale, que Sherlock deixou de ser a pessoa mais importante na vida
dele. Ele percebeu que se dedicar tão furiosamente ao Sherlock como ele tinha
feito nas temporadas anteriores não leva a nada, por que o detetive faz essas
coisas. Eu acho que ele não fez mais do que o certo, porém se vê que ele não
aprendeu direito a lição – John decidiu praticamente substituir Sherlock pela
Mary. Agora que a gente sabe do passado dela, e considerando que a personagem
não vive muito nos livros, prevejo ainda mais bosta para a vida dele nas próximas
temporadas.
Uma reclamação interessante que estou vendo por aí é que o
Sherlock esteve agindo, nessa temporada, de maneira out of character, que ele não é mais o que era. Apenas posso
lamentar por esses fãs não estarem prestando o mínimo de atenção ao programa –
por favor, The Sign of Three foi basicamente FEITO para mostrar O PORQUÊ dele
ter mudado tanto. O que houve, esqueceram que existe uma coisa chamada
‘desenvolvimento de personagem’? Não só o próprio Sherlock fala como ele mudou,
as atitudes e tudo o que ele passou mostram essa evolução. Se esqueceram do
principal motivo de ele ter pulado de um prédio? É mais um motivo para eu amar
essa série – as coisas mudam.
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Ele mudou desde o primeiro episódio, mas não deixou de ser Sherlock Holmes <3 |
Ok, deixa eu comentar agora as consequências dessa temporada
que eu não gostei. Primeiro: o bebê. CARALHO, por que eles colocaram um bebê no
meio? Mary e John não tem filhos nos livros, e eu não consigo ver como essa
criança pode se encaixar na história do seriado sem morrer em breve junto com a
mãe, num dos clichês mais óbvios ever. Eu estou realmente com medo de como eles
vão trabalhar esse personagem na próxima temporada. Se ele entrou, deveria ter
algum motivo, mas eu realmente não consigo encontrá-lo..
E a volta do grande
Moriarty, ah, que polêmica... prefiro o Magnussem, vilão bem mais
interessante e real. Eu não quero ele de volta, ponto final. Bem estávamos
falando sobre mudanças, não é? Algo que o Moffat não sabe lidar muito bem, pelo
que parece - ao contrário do que dizem pela internet, ele NÃO É um assassino de
personagens. Quem assiste Doctor Who ou outra série dele (ex: Jekyll, que é
excelente, mas sofre desse mesmo problema), sabe que se ele mata alguém, esse
personagem vai voltar uma hora ou outra da maneira mais mirabolante possível.
Mas eu estou com esperanças de que isso seja algum plano póstumo de Moriarty ou
apenas alguém usando sua imagem – em qualquer dessas opções, aposto minhas
fichas no Tom. Ele não apareceu à toa, tenho certeza. Que esse novo vilão saiba
fazer as coisas.
Mas só saberemos daqui a sabe-se lá quanto tempo, né? Dois
anos durou o hiatos anterior...mas com esse sucesso absurdo que a série faz,
tenho esperanças de que vá durar um pouco menos. Até lá, soframos com teorias mirabolantes (que já estão me enlouquecendo) e ansiedade religiosa.
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