Dilemas existenciais

Ao consigo evitar que esses pensamentos perturbadores venham à minha mente quando estou desconfortável na cama. Geralmente durante uma crise grave de insônia ou após mais um episódio de paralisia do sono. Fico deitada, de olhos fechados, pensando no depois.

Vou cursar Letras; será mesmo que eu nunca vou conseguir um bom emprego, como o meu pai vive alertando? Deveria ter tentado vestibular para outro curso? Devo mudar agora, enquanto dá tempo? Poderia ter planejado melhor a minha vida; não faço a mínima ideia de onde estarei daqui a 10 anos. Ou mesmo 5 anos. Até lá, terei feito alguma coisa relevante? Terei aprendido a ser totalmente independente? Estarei morrendo de fome?

Aí eu me lembro de que o mundo daqui a alguns anos será totalmente diferente de como é hoje. Em relação à própria Terra, eu digo. Fisicamente: Vou ter água para beber? Comida não plastificada para comer? Será que ainda teremos florestas o suficiente para conseguirmos manter a raça humana? Nós vamos ter nos enterrado em cordilheiras de lixo? Ainda vão existir animais selvagens?

E depois? E depois de TUDO? Como será depois da morte? Vou ficar na escuridão por toda a eternidade? Ficarei consciente disso ou não? Eternidade... morrer me assusta demais. Não consigo me conformar com isso aí. E esta é a única experiência da qual eu tenho certeza de que terei de enfrentar. O sono vai embora, não quero dormir mesmo. Não consigo dormir. Minha cabeça dá um nó, e eu entro em desespero.

SOCORRO.

Comentários

  1. Esse tipo de coisa assusta DE VERDADE, mas se eu falar por mim...hahahah!
    Entrei na facul de letras (bem atrasada, eu já tinha 20 anos) e a tranquei depois de 8 meses, revoltada e estressada. No ano seguinte, entrei em Tradutor e Intérprete, e me formei três anos depois. Hoje eu trabalho como tradutora técnica, mas já trabalhei com todo o tipo de tradução que você pode imaginar, já legendei seriados e já fiz tradução para dublagem: só ganhei muito dinheiro UMA vez, e não dormia, não namorava, não saia de casa, acordava às 2 da manhã para trabalhar...logo, não sei se valeu a pena. Hoje eu penso desesperadamente em voltar para Letras, quero um complemento e entrar para a área acadêmica futuramente, com a pequena bagagem que eu já tenho hoje :) Para dar um parâmetro: a área de Letras é difícil, sim. Para ter muito dinheiro, caso você queira ser uma profissional da educação, vai precisar estudar MUITO, conseguir emprego em BOAS escolas, dificilmente terá apenas um emprego. Continuará investindo em estudos, no mestrado, entre outros, caso queira partir para a área de educação na faculdade. Independência acaba surgindo com as dificuldades, nós vamos nos surpreendendo a cada passo. Caso queira ir para a área de tradução/revisão, as coisas podem ser "piores". Ser freelancer é um modo incrível de ganhar um bom dinheiro, ao contrário de trabalhar em agências que sugam a sua alma (mas te dão uma puta experiência), mas até você se estabilizar, é muito cansativo. Trabalhar em uma posição semelhante em uma empresa "comum" pode ser também uma saída. O que sempre terá em mente é: estudar TODOS OS DIAS, atualização CONSTANTE, e muito amor ao que se faz. Apesar dos "pesares", não me vejo mais em outra área, como costumava imaginar antes. Mas as dificuldades virão e serão muitas, mas...se você realmente sentir que é isso o que você quer, vá em frente. Eu nunca julgo ninguém que "tranca" a faculdade, já que acredito que, mesmo hoje eu querendo voltar, ter feito Tradutor foi a decisão mais sábia que já tive.

    Pelo menos no fator "empregabilidade" eu tentei te ajudar...quanto às outras dúvidas que permeiam a sua vida...bem, a gente tem que achar o melhor jeito de conviver com elas, senão passamos só a pensar nisso e nos esquecemos de outras coisas, tipo...viver! ;)

    Beijo beijo!

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    1. Obrigada mesmo pelo comentário! É muito bom ver um relance do que eu posso esperar para a minha vida, se é que vc me entende XP
      Para as dificuldades em Letras, estou preparada. Sei que não é uma área fácil, apesar de todos dizendo o contrário. E, oras, acho que não há área fácil. Para se dar bem financeiramente deve-se estudar e trabalhar muito, não importa em qual você esteja. Mas é sempre bom saber disso antes :)

      E, sobre as outras dúvidas, eu não consigo não pensar nelas de vez em quando, principalmente quando estou solitária; mas tento esquecê-las na maior parte do tempo. Você tem toda a razão, se machucar com isso o tempo todo e esquecer da vida em si vai ser tão útil quanto nada ^^

      Obrigada de novo por falar aqui! Me ajudou bastante!
      Beijo o/

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  2. Assino embaixo do que a amiga e colega de profissão acima disse. Fiz Letras em 1999 na PUC, Tradução. Legendagem foi uma furada na minha vida e hoje trabalho como tradutora e revisora literária mais porque gosto dos livros do que por dinheiro propriamente dito. Tradução técnica, juramentada, de software dá mais dinheiro do que tradução literária.

    A dica que dou é se dedicar ao inglês enquanto ele ainda é um diferencial no currículo. Muita coisa na minha vida, pra não dizer quase tudo, que consegui foi porque falava inglês. Logo a gente vai precisar de inglês, espanhol e talvez ainda um alemão ou italiano, mas por enquanto só o inglês basta.

    Se eu pudesse voltar atrás, teria feito Produção Editorial. Faria Letras depois que acabasse.

    Quanto ao fim do mundo, eu também, aos 32 anos, ainda me desespero. Fico pensando se vale a pena ter filhos, colocar crianças nesse caos em que vivemos. Fico pensando em como deve ser morrer... escuridão sem fim ou a sensação de paz, de ser acolhido, de se livrar de toda e qualquer culpa, de todos os males que já causou ou que já me causaram... por isso estou me apegando mais a coisas que eu não me apegava antes. Deus, religião, fé, de uma forma geral.

    Se quiser conversar pra saber o que esperar de uma faculdade de Letras, me chama pelo face ou pelo Skype, estou sempre disponível pra conversar. Podemos falar um pouco das matérias, dos livros e, dependendo de onde vc vai estudar, até dos professores, que muitas vezes não mudam de matéria! kkkkk

    Beijos

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    1. Olha, eu acho que vou te chamar mesmo qualquer dia desses para uma conversa sobre esse curso! Já tive outras, mas agora que as aulas se aproximam é que eu estou verdadeiramente preocupada --'
      E sim, sei que é importante e estou me dedicando ao inglês ao máximo agora, enquanto ainda faço curso e pretendo continuar. Amo essa língua e sei que, daqui a alguns anos, ela vai ser obrigatória para qualquer tipo de emprego. Vou fazer alguma terceira língua, talvez francês. Acabei adiando isso um pouco demais...
      Sobre filhos, apesar de meus pais estarem doidos por netos, não pretendo mesmo tê-los. Não só por causa desses motivos que você citou, mas também porque não acho que terei a paciência e maturidade necessária para criar uma criança. Mas quem sabe, eu posso mudar de ideia...
      Sobre religião, eu realmente estou em cima do muro. Não consigo acreditar em um Deus, mas ao mesmo tempo é difícil saber que esse mundo surgiu tão do nada assim (pq meu, se for a gente tem uma PUTA sorte de o Sistema Solar ter se encaixado logo no melhor lugar que poderia, a mesma coisa com o planeta Terra, etc.). Enfim, não consigo me encaixar em nenhuma religião. Espero mesmo que a morte seja como você falou! Conhecer a paz verdadeira deve ser incrível.
      Beijos e obrigada!

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  3. Não é nada difícil encontrar pessoas na mesma situação que, digamos, nós estamos. Um tempo atrás eu parei pra pensar e vi que não sabia o que eu queria da vida, do que era necessário pra viver e outras questões do gênero. A primeira coisa que eu comecei a pensar foi sobre religião, não acredito em nada, mas não consigo acreditar que nada exista, acho que você me entende. É dificil de acreditar que existe um Deus, um criador, alguém que seja maior que tudo e todos. Entre tantas religiões, tantos deuses diferentes, tantas crenças... Qual seria a "melhor", a "correta"? Depois de pensar sobre esse assunto, e buscar com outras pessoas o que ela achavam sobre, decidi que eu não precisava de algo maior, simplesmente ignorei o fato de que algo do tipo seja possível. Não sei se foi uma boa decisão, não é necessariamente permanente, eu só "larguei de mão".
    Sobre uma faculdade a seguir, eu não tinha me decidido, nem decidi também, mas já tenho uma noção, já é alguma coisa né? Então, estou pensando em fazer faculdade de Design Gráfico, achei o trabalho bacana, flexível, finalmente achei algo que gostaria de fazer. Só que eu levei um balde de água fria depois de descobri que não realmente necessário ter uma faculdade pra praticar a profissão, qualquer pessoa que corresse atrás poderia ser um bom profissional, então eu fiquei meio desanimado, "será mesmo que eu nunca vou conseguir um bom emprego?"
    Por fim, eu acho que nós temos que fazer o que a gente gosta, aquela história clichê de "busca pela felicidade", fazer o que gosta meio que sem pensar se vai dar certo ou não, se arriscar e só depois ver no que deu, ainda temos uma vida toda pela frente, a pior coisa que pode acontecer é de se arrepender por não ter feito algo.
    Beijos!

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    1. Pois é, essa questão religiosa é complicada ao extremo. Não há nenhuma correta para mim, talvez todas tenha suas características que se aproximam da verdade, ou nenhuma mesmo. Eu desisti mesmo de procurar alguma resposta em uma ou várias delas, acho que só iria perder tempo, e larguei como você. Simplesmente não tenho religião; no máximo, sou agnóstica. E acho que está muito bom assim. Viverei seguindo os meus próprios princípios, que aprendi e vou aprender durante a vida.

      E já é alguma coisa sim ter uma noção ^^ conheço gente que não faz a MENOR ideia do que vai fazer, outros que sabiam mas agora mudaram de ideia...ai, isso também é difícil demais, quase molda o resto da sua vida. Se bem que tem pessoas que não possuem faculdade nenhuma e vivem muito bem. Mas deve ser difícil, com certeza;
      Não sabia que para ser design gráfico o diploma era desnecessário! Sei como você se sente, bem parecido comigo, sem dúvida. E com um monte de gente, tem razão. Porém, se você quiser mesmo isso, eu te encorajo a fazer a faculdade sim. O pessoal do mercado vai querer gente boa, e é meio complicado aprender tudo desse ramo direitinho sem nenhuma orientação. E diploma, apesar de realmente não ser extremamente necessário para continuar a vida, é sempre bom ter algum, enquanto ele não se desvaloriza totalmente.

      E você tem toda a razão quando fala que o pior de tudo é se arrepender por medo de arriscar. Não foi só uma vez que eu passei por isso, é horrível. Dependendo da situação, só piora. Tentaremos seguir a felicidade, então. O mais próximo dela que conseguirmos.

      Obrigada pelo comentário, e boa sorte nas suas escolhas! o/

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  4. Oi, Lizzie

    Seus dilemas são completamente normais. Ainda mais para pessoas com a nossa idade, época de escolhas, decisões e qualquer coisa que a gente escolha agora parece definir nossa vida pra sempre. É uma maldita crise dos 20 (Ou quase isso). Detesto ter que decidir, ter que escolher. Estou quase me formando em Ciência da Computação mas ainda não me achei de verdade na Informática, mas também não sei pra que área eu iria. Estou acomodado por enquanto.
    Quanto as suas escolhas... Bom. É difícil ajudar nesse caso. Só sei que tem ser algo que você realmente goste. Acho que é bom traçar alguns planos para um futuro próximo para não deixar tudo jogado ao vento.

    Agora, pra onde você vai depois de tudo, é difícil saber.

    Só acho que você precise se apoio, de um lugar de descanso. Não um lugar físico mas um lugar em que você possa depositar seu medo e sua ansiedade.
    Meu deus, o trecho acima parece ter saído de um livro de autoajuda.

    Sobre as religiões, acho que você precisa de alguma experiência pessoal. Sabe, ir por que os outros dizem que é assim ou assado não parece muito bom. Pra confiar em algo invisível (tipo os variados deuses das religiões) é necessário algo mais do que alguém dizendo que é real, que é o certo e etc.
    Acabei parecendo super ateu agora (nada contra quem é), mas sou cristão, protestante. E o que eu encontro na minha religião (odeio essa palavra) é exatamente isso, um lugar de descanso, onde eu posso dormir e acordar e saber que tudo está bem (ou pelo menos que vai ficar), onde eu posso me livrar de culpas, rótulos, ansiedade. É bom saber que alguém possui planos superiores aos meus, eu só preciso confiar.
    E o mais engraçado é que eu não acredito em Deus por causa da Bíblia. Eu acredito na Bíblia por causa de Deus. Dá pra entender? rs
    Não consigo desacreditar. Minhas experiências pessoais, meu dia-a-dia, a segurança que sinto, é tudo muito real para ser jogado fora.

    Só sei que você deve viver sua vida da melhor forma possível, sabendo que um dia ela vai acabar.

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