Maratona Cumberbatch: Ritos de passagem

Não foi somente a presença de Benny (como sou íntima!) interpretando o protagonista que me deixou interessada por esta minissérie. A ideia de uma história que se passa inteiramente em alto mar numa caravela antiga me atrairia de qualquer forma. Adoro esses cenários, ainda que eu deteste água salgada e nunca consiga me sentir confortável em navios, lanchas, e afins. Ah, também tem esse título magnífico.

O enredo se guia pelo diário de Edmund Talbot, um playboy jovem aristocrata que ganhou um cargo no governo australiano. A viagem desde as ilhas britânicas é longa, num velho e pequeno navio de guerra que "navegará até afundar" (eu provavelmente morreria de claustrofobia). Ainda há os passageiros e marinheiros para aguentar, convivência complicada quando se está confinado - sabe-se lá o que se pode ser feito nessa situação. Uma história sobre os comportamentos humanos, descobertas interiores, esses detalhes profundos.

Cada episódio é baseado em um livro da trilogia de William Golding, também chamada "To the ends of the Earth", e já providenciei o primeiro (que parece ser o único disponível no Brasil). Eu gostei tanto de "Rites of passage"! Se bem que foi complicado de assistir: tem uma hora e meia de duração e parece muito mais com um filme do que com um seriado. A história é um tanto arrastada, especialmente no começo; e, como se passa no século XIX, os diálogos e o vocabulário me enrolaram um monte, já que só achei legendas em inglês.

Pode até parecer estranho considerando que eu adorei o episódio e tudo mais, mas houve nenhum personagem realmente carismático para mim. Mentira, teve o Wheeler, criado de Talbot, que é uma graça e muito inteligente. Mas nenhum é realmente apaixonante, se é que dá para me entender. Cada um simplesmente cumpre seu papel na sociedade inglesa presa naquele navio. Não há heróis ou vilões, só acidentes e vítimas, e verdades que não precisam ser reveladas.

A produção é excelente; todos do elenco estão incrivelmente bem encaixados e seus personagens, tanto pelas atuações como pelas aparências. A ambientação  não poderia ser mais perfeita, todos os cenários possuem uma aspecto sujo e fedido, muito naturais - e algumas partes são muito desagradáveis de se ver. Curti também a iluminação, que dá ao filme a impressão de ser mais velho do que é na verdade.

Enfim, por mais que tenha sido cansativo vez ou outra, valeu muito a pena ter assistido até o final. Fico curiosa em saber como continuará pois, apesar da viagem até a Austrália não ter terminado, o enredo se fechou tão direitinho que não vejo para onde continuar.

Para quem tiver curiosidade, aqui está a primeira parte da série; o Youtube é o melhor lugar para assisti-la e o único com - boas - legendas. Em inglês, claro.

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