Dissecando narradores

Meme Literário de Um Mês - décimo segundo dia

Você prefere livros narrados em primeira ou em terceira pessoa?

Eu realmente não tenho nenhuma preferência - na verdade, imagino que cada história deva ser contada à sua maneira. Em "O estranho caso do cachorro morto" a narração é feita por um garoto com síndrome de Asperger. Se fosse em terceira pessoa, mais da metade da essência do livro teria se perdido. O que mais me encantou na leitura não foi a história, mas sim o modo como ela foi contada e o jeito que me apeguei ao Christopher. Não é encantador como ele descreve os próprios sentimentos para o leitor com emoticons? Ou quando ele nos descreve com empolgação as equações de louco que ele tanto gosta de resolver, como se nós entendêssemos tudo também?

Os casos de Sherlock Holmes nunca seriam tão famosos se não tivessem sido contados por Watson, alguém que não só sabe se relacionar bem com as pessoas como também traduz para nós o sherlockês - vocês já leram os contos escritos pelo próprio detetive? Interessante ver o ponto de vista dele, sem dúvida, mas não deixa de ser um porre para ler!! E que graça teria se fosse em terceira pessoa, já que não haveria a leitura justamente das aventuras que trouxeram ainda mais clientes a Holmes, com direito a troca de nomes e tudo mais para proteger os envolvidos? Não é à toa que tanta gente acredita (sim, até hoje!) que ele existiu.

Primeira pessoa.
Falando desse assunto, eu me lembrei de "Please look after mom", que tem um dos capítulos escrito em segunda pessoa! Ok, não é exatamente em segunda pessoa, pois não há como aquele que está absorvendo os fatos da história contá-la. Até onde eu sei, é quando o narrador se refere ao leitor como se fosse um dos personagens do enredo (se não for isso, alguém me corrija, por favor!). Eu me lembro de curtir muito tal maneira de escrever nesse livro, porque me deixou ainda mais presa ao que passava, e eu realmente me sentia como se fosse a pessoa com quem se falava.

Narrações em terceira pessoa também são ótimas por não nos prender muito a só um personagem e por nos dar uma visão mais ampla de tudo o que acontece. Eu acho demais quando o narrador é personagem ao mesmo tempo mas sem ser protagonista, o que acontece em "Desventuras em série". Alguns leitores podem achar chato, mas eu adoro quando Lemony interrompe tudo e conta algo aleatório ou sobre ele próprio. Narradores interativos são os mais legais.

Terceira pessoa.



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Comentários

  1. Narradores em primeira pessoa me coloca mais profundamente na história, é o meu preferido. Terceira pessoa dá a ideia de alguém que nos conta algo e por mais que tenha a onipresença e onisciência dos fatos, causa um certo distanciamento. Aí, claro, vai da história. Na minha opinião, ação tem que ser em terceira; dramas e primeira. E essa história de segunda, hein?! Acho interessante o autor "parar" a história e começar um 'embate' com o próprio leitor. Mas isso não é novidade, Machado de Assis já fazia isso; você vai na história e num ponto, ele para a narrativa para se dirigir à nós. Causa estranheza por não ser esperado. Mas o efeito é interessante.
    Abraços, Lizzie e tenha um excelente fim de semana! Daniel.

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    Respostas
    1. De fato a terceira pessoa "normal" distancia um pouco o leitor da história, pois assistimos tudo de bem longe. Mas algumas não combinam mesmo com 1ª pessoa - aventuras na maioria das vezes combinam melhor com a outra opção. imagino que Harry Potter ficaria meio chato se fosse ele a narrar - especialmente depois do 5º livro...
      eu já li alguns contos do Machado de Assis e ADORO quando ele faz isso, era tão simpático! XD
      Bom fim de semana pra vc também!! o/

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